Sem vergonha de errar
O medo de errar está ligado a nossos instintos primitivos de preservação. É como um remédio contra o fracasso. Devemos muito a ele. Em altas doses, porém, o medo envenena.
Isso é comum entre vítimas de grandes traumas, como estupro e incesto. Muitos passam a vida sentindo-se indignos, uma dor mais duradoura que a própria violência original. Quanto maior a dor, menos falam. Quanto menos falam, mais sofrem.
Perfeccionistas são outro grupo sujeito ao isolamento.“A criança destinada a ser perfeccionista vê a perfeição como o único meio seguro de proteger-se de críticas, constrangimentos, raiva ou perda do amor de seus pais ou colegas”, afirma Brené Brown, ex-gerente de telecomunicações perfeccionista que largou a carreira para tornar-se doutora em serviço social.
Incapazes de perceber que já afiaram o machado o suficiente, perfeccionistas acabam adotando como parâmetro seu próprio limite. Limite físico, limite mental, limite financeiro ou limite de tempo. “Suas metas em qualquer tarefa são tão elevadas que ele mal consegue deixar de sentir-se preocupado e tenso. Quando alcança a excelência, raramente consegue desfrutar”, diz.
Ao pensar que sua aceitação depende de algo externo, como a beleza física, o sucesso profissional ou a riqueza financeira, o perfeccionista torna-se escravo. Para Brown, perfeccionismo é diferente de empenho no aperfeiçoamento.
“O empenho saudável está voltado para si mesmo: como posso melhorar? O perfeccionismo está voltado para os outros: o que eles pensarão? O perfeccionismo é autodestrutivo.”
Fonte: epoca.globo.com/ideias (adaptado)